segunda-feira, 27 de maio de 2019

Scorpions News entrevista Rudolf Schenker

Montagem em preto e branco com metade do rosto de Rudolf Schenker nos anos 80 e metade do rosto do Rudolf nos dias de hoje, e os dizeres Exclusive Interview

Sim! Após um ano, nós conversamos com o criador de tudo novamente: o grande Rudolf Schenker! E temos grandes novidades: um novo álbum por vir, surpresas para o Rock In Rio e, quem sabe, para toda a turnê brasileira? Rudolf falou sobre os primeiros momentos com Klaus e também sobre recente encontro com Uli Jon Roth e Rudy Lenners, além de relembrar as inesquecíveis experiências que ele teve no Brasil. Vai perder essa? Claro que não! Confira aí!

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SCORPIONS NEWS: Alô?

RUDOLF SCHENKER: Alô.

S.N.: Senhor Rudolf? 

R.S.: Sim. 

S.N.: Sou o David da fanpage Scorpions News. Como o senhor está? 

R.S.: Estou bem, obrigado. 

S.N.: Minha primeira pergunta é: Você está aproveitando bem essas longas férias? 

R.S.: As férias são chatas, e o futuro é brilhante! Estamos ansiosos pela turnê Crazy World e principalmente por voltar ao Brasil.

S.N.: Você está no estúdio no momento? 

R.S.: Sim, estou. Estou no estúdio trabalhando, procurando novas ideias, organizá-las. Não sabemos ainda se estamos fazendo um álbum ou não. É uma questão de inspiração. Quando a inspiração está vindo bem, então vamos atrás dela, sabe. Quando vamos ao estúdio para fazer um álbum, queremos estar inspirados. Talvez essa turnê, indo para a América do Sul, acho que isso vai nos trazer inspiração, e estamos felizes de tocar no Rock in Rio novamente. Nós lembramos da primeira vez que estivemos lá e foi fantástico, nós curtimos tanto, estávamos muito felizes de tocar na América do Sul, principalmente no Brasil. 

S.N.: Falando sobre esse possível álbum novo, vocês falaram recentemente que teriam um produtor famoso. Eu perguntei ao senhor Dieter Dierks se era ele mas ele disse que ele não é famoso! (risos)

R.S.: Não estamos fazendo um álbum no momento. Estamos procurando, procurando onde nos inspirar e saber se estamos prontos para um álbum. Como nos velhos tempos, sabe, saíamos ao redor do mundo e tinha algo novo aqui, algo novo ali, daí fomos para a Rússia e criamos a trilha sonora da revolução mais pacífica na Terra, com o Crazy World [álbum] e Wind of Change, a música foi escrita antes de o muro [ de Berlim] cair. Esse é um dos motivos para chamarmos essa turnê de Crazy World [n.e: Mundo Louco em inglês] de novo, porque há trinta anos o mundo estava louco de uma maneira positiva, e agora o mundo está louca de uma maneira negativa. Então nós inspiramos e expiramos, e nesse caso esperamos pelo momento certo. Principalmente agora que temos o Mikkey [Dee] na bateria, um novo elemento, uma nova química que nos dá diversas possibilidades de criar algo especial, mas você tem que sentir. É como falar de sopa. Você vai e diz "Posso comer uma sopa agora?" e lhe dizem "não, você tem que esperar até que o sabor esteja bom, que o tempero esteja bom e que a temperatura esteja boa". E às vezes quando a sopa está muito quente pode ser muito bom também, pois você tem que comer devagar. É assim que se cria música, não apenas ir e tocar algo, não. Você tem que sentir arrepios com a sua própria música. 

S.N.: Sim, isso é ótimo. Como foi ter voltado ao Sun Plaza Hall no Japão com o Uli [Jon Roth] e Rudy Lenners este ano e ter tocado as músicas de quando vocês estavam juntos na banda? 

R.S.: Foi...maravilhoso! Sabe, foi realmente fantástico. Primeiro, quando o Uli me convidou, eu falei para ele "Uli, acho que não consigo porque é uma viagem muito longa e perigosa para o nosso show em Oklahoma" porque tínhamos um show em Oklahoma [EUA] em Janeiro. Daí eu falei para mim mesmo que sim, pois eu estava na Tailândia por um tempo e fui de Bangkok para a Coreia, da Coreia para o Japão e fiz dois shows, um em Tóquio e um em Nagoya, e então voltei para a Coreia e de lá fui para Dallas [EUA], o que é uma viagem muito difícil, porque você passa o dia viajando e, enquanto você está voando, isso te deixa maluco. Nesse caso foi uma viagem arriscada, mas foi muito, muito bom. E no avião com o Uli e o Rudy foi...foi tipo... foi fantástico! E os japoneses amaram! 

SN: de volta aos anos 70, né? 

R.S.: Sim, exatamente! De volta ao anos 70! E três dias depois de volta aos Scorpions tocando Blackout e outras músicas, e foi uma ótima turnê. Em 21 dias eu fiz uma viagem ao redor do mundo, incluindo quatro shows. Foi uma viagem muito interessante com duas bandas diferentes, os Scorpions nos Estados Unidos e o Uli em Osaka e Nagoya [N.e: Tóquio e Nagoya]. Foi ótimo, foi como uma viagem no tempo. Foi fantástico!

S.N.: Que ótimo! O que você acha de convidar o Rudy e o Uli para a turnê no Brasil, talvez para o Rock in Rio? 

R.S.: Temos outras ideias interessantes que não vou falar agora senão não será mais surpresa. Não é o Rudy e o Uli, mas outra coisa, que não vou falar agora porque se eu falar não será mais surpresa. 

S.N.: Sobre o Rock in Rio em 1985, você tocou com a sua cabeça sangrando em uma das noites... 

R.S.: Minha cabeça sangrando, sim! Eu sei, me lembro disso. Eu ia [para o Rio] um dia antes na verdade. Todos os rapazes já tinham ido porque eu tinha que fazer alguma coisa na Alemanha, e eu fiquei com o que podemos chamar de jet lag. E eu estava pulando e tropeçando com a guitarra, e então eu estava sangrando loucamente. (risos) E um médico veio me dar uns pontos. 

S.N.: É, eu tenho um poster, uma foto desse momento, é bem curioso... 

R.S.: Viu só? Rock and roll. A minha cabeça é como um mapa, tenho uns pontos incluindo Las vegas, Washington, Nagoya, Rock in Rio e, e, e,.... são muitos "e" porque às vezes é um microfone, às vezes uma guitarra, às vezes é outra coisa... Viu só, não é fácil ser músico do rock, estou dizendo. (risos)

S.N.: Eu acredito em você. Voltando aos primeiros anos dos Scorpions: este ano você comemora 50 anos de casado, mas com o Klaus! Você se lembra de algo do primeiro dia que você conheceu ele, e do Michael entrando para a banda? 

R.S.: Claro, lembro muito bem pois eu estava morando na minha cidade natal, na esquina de onde havia um lugar onde todo domingo e sábado algumas bandas tocavam, e tinha uma banda chamada Mushrooms. Eu tinha ouvido falar deles e falei para o meu amigo (nós já tocávamos juntos nos Scorpions) "vamos lá ver como são os Mushrooms". Então eu fui nesse lugar e vi os Mushrooms, incluindo o Klaus como vocalista e eu disse "Ei, esse cara é ótimo! É fantástico! Ele é um ótimo cantor!" e então, meio ano depois, eu fui para a minha cidade natal e esse cara vinha pela rua e [eu disse "Ei, você é o Klaus dos Mushrooms, né?" [ele disse] "Sim, como você sabe?" e eu disse "Eu vi vocês, vocês são demais, te digo, incrível!" Então nesse caso já entramos em contato e de vez nos víamos na rua e uma vez eu disse "Klaus, o que você acha, quando que você vem para os Scorpions? " e ele disse "Sinto muito, não posso porque tenho que servir ao exército agora". Na Alemanha os homens jovens tem que servir ao exército, todos nós tivemos que servir dezoito meses. Ele disse "Ok, quando eu voltar, quando eu tiver terminado os dezoito meses, eu adoraria cantar com os Scorpions!" Mas quando ele voltou, não dava mais porque já tínhamos assinado um contrato, mas eu fiz o contato dele com o meu irmão para uma banda nova, talvez ele fosse a pessoa certa. Então eles se juntaram e se chamavam os Copernicus. E depois de um tempo eu falei "Acho que precisamos de um novo vocalista. Acho que o Klaus seria o melhor". Então tocamos em 1969, acho que era véspera de ano novo, e perguntamos ao Klaus "Você quer vir para os Scorpions?" e ele disse "Sim, eu adoraria"! E desde então ele é o cara dos Scorpions, o vocalista, o cara com a voz de ouro.

S.N.: Que história interessante. Falando sobre os dias atuais, o que você acha das bandas que tem surgido na cena do rock: Você tem uma favorita para recomendar? 

R.S.: Uma banda que não é do heavy metal... [não] é uma banda pesada que eu curto, é o Imagine Dragons, gosto muito. E Twenty One Pilots é bem interessante também. Eu escuto rock, escuto coisas diferentes e acho que o rock precisa de mais um chute na bunda, e tomara que uma dessas novas bandas possa fazer isso. 

S.N.: O que você acha das mídias sociais? 

R.S.: Quais mídias? 

S.N.: Mídias sociais. Facebook, Twitter, Instagram... 

R.S.: Acho que é um ótimo jeito de conectar as pessoas, e sei que temos cerca de sete ou oito bilhões [delas] pelo mundo, e são pessoas muito jovens, por sinal. Oitenta por cento têm entre 16 e 28 anos. É fantástico! Bom, eu não tenho nada a ver com [mídias sociais] porque eu faço muitas coisas pois estamos sem empresário e nós somos nossos empresários e temos que trabalhar no estúdio, encontrar coisas novas, e se eu usar essa coisas então é um tempo perdido. E eu acho que um música às vezes precisa de um tempo para deixar as ideias fluírem. Acho que isso é um ponto mais importante do que se promover por aí. 

S.N.: E sobre os jovens, vocês têm cada vez mais jovens nos públicos dos shows.

R.S.: Sim, é incrível! 

S.N.: Isso é um motivo para continuar com os Scorpions por muitos, muitos anos? 

R.S.: Foi exatamente assim que nos sentimos na turnê de despedida. Queríamos parar, tínhamos certeza disso na época, mas aí terminamos em Dezembro de 2012, e em Janeiro de 2013 a MTV nos ligou e nos convidou para o MTV Unplugged, e como não pudemos fazer um nos anos 90 porque estávamos sempre ocupados, foi o momento que não tínhamos nada para fazer. Queríamos parar, mas o MTV Unplugged se tornou um sucesso e, um dia depois, foi o aniversário de 50 anos dos Scorpions. Nós, nosso empresário e os caras tínhamos que comemorar e dissemos "Olha, por que parar se podemos fazer músicas para tantos fãs?" Desde que consigamos fazer o rock... O rock tem que ser apresentado do jeito certo, desde que consigamos fazer isso, então faremos. 

S.N.: E obrigado por isso! Tenho duas perguntas mais. Você se lembra de algum momento especial no Brasil? 

R.S.: Momento especial do quê? 

S.N.: No Brasil. Gostaria de compartilhar? 

R.S.: Aahhh, (risos) mas é claro! Tocar me Manaus foi fantástico. Entrar na selva, nadar com os botos cor-de-rosa, incrível, maravilhoso! Foi fantástico! E tinha uma área, na costa leste onde tocamos, mas esqueci o nome. É uma área de frente para a praia, com areia branca e lagos vívidos. É onde ganhamos a nossa própria cerveja [N.e: Essa cerveja foi lançada na Bolívia em 2010] e nosso próprio selo. Esqueci o nome, nós fomos até lá de helicóptero. Foi inacreditável! [N.e: O lugar mencionado é São Luís do Maranhão, onde sobrevoaram de helicóptero os Lençóis Maranhenses] Temos tantas lembranças, não tenho como [mencionar] todas. O Brasil é um país com tanto para oferecer, desde Belo Horizonte até o Rio, e diversos lugares, é fantástico! E também tem o nosso DVD que fizemos com músicos brasileiros, você se lembra? 

S.N.: Sim, sim, em Recife e Manaus.

R.S.: Isso, com o Andreas Kisser. Foi muito legal! E eu tenho uma grande amigo, sabe quem é? Ele também é brasileiros, o Paulo Coelho! E o Romero Britto, meu amigo! 

S.N.: Eu me lembro desta turnê porque foi o meu primeiro show dos Scorpions, em Goiânia, e foi no seu aniversário. Eu estava lá, em 2008. 

R.S.: Exatamente. Que bom! 

S.N.: Você gostaria de mandar uma mensagem aos fãs brasileiros: O que podemos esperar para a turnê este ano? 

R.S.: A todo mundo, aos fãs, vou dizer que estamos muito felizes de voltar ao Brasil. E rock you like a hurricane! Nós prometemos que vamos surpreender vocês, ok? Nos vemos no Brasil! 

S.N.: (risos) Ok, Rudolf, muito obrigado. Espero lhe ver em breve. 

R.S.: Sim, vamos nos reunir. Espero que você tenha entendido tudo e que a sua conexão esteja melhor que a minha, porque não foi fácil. 

S.N.: Sinto muito por isso, mas estou muito agradecido. 

R.S.: Obrigado. 

S.N.: Até mais. 

R.S.: Tchau. 








Scorpions News Team:

Entrevista, Roteiro, Edição e Arte: David Araújo

Transcrição e Tradução: Patrícia Camara (Scorpions Brazil)
Revisão: Roberta Forster