segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Scorpions Brazil entrevista Matthias Jabs: Novo álbum chega no outono europeu de 2020

Montagem com a foto de Matthias Jabs, metade jovem, metade atual, em preto e branco.

Matthias Jabs falou com exclusividade para o Scorpions Brazil sobre a turnê sul-americana, demonstrou carinho aos fãs brasileiros e a empolgação por terem sido eleitos o melhor show do Rock in Rio 2019. Jabs falou ainda sobre o novo álbum que deverá ser lançado no outono europeu de 2020 e mandou recado aos brasileiros: "vocês precisam aprender inglês."

Confira! (click here to read the interview in English)



Ouça a entrevista (em inglês):


Scorpions Brazil - David: Olá, Matthias!


Matthias Jabs: Oi, David! Consegue me ouvir bem?

S.B.D.: Sim, Muito bem. Como vai, Sir?


M.J.:  Sim, estou bem. Acabei de vir de um longo encontro com algumas pessoas que estão trabalhando conosco, e Klaus, e Rudolf, e nosso advogado no nosso escritório, e o tour manager, e foi o dia inteiro de reuniões, uma seguida da outra, e eu acabei de vir correndo pra casa pra receber a ligação agora. E aqui estou!

S.B.D.:  A primeira pergunta. Matthias, obrigado, é claro. Como você está curtindo esses dias de pausa, depois da turnê sul americana?


M.J.: Primeiramente, eu devo dizer, a turnê sul americana, especialmente Brasil, foi fantástica. Todos os shows foram ótimos, o público é incrível. Os dois últimos shows fora do Brasil, especialmente no Chile, na Colômbia também foi muito bom. O ponto alto de todos os shows foi o Rock in Rio, é claro. Um público fantástico. E nos sentimos incríveis começando o show 20 minutos depois da meia noite. Normalmente você esperaria que as pessoas estivessem cansadas, mas a energia das pessoas e a energia da banda estava incrível e eu tenho as melhores lembranças. E agora estamos em casa por uma semana e uns dias, pausa não é a expressão mais apropriada. Como disse a vocês, cheguei de reuniões que tivemos, começando na hora do almoço, e agora é 6 da tarde aqui, nós tivemos cerca de 6 horas de reuniões com diferentes pessoas, Klaus, Rudolf e eu planejando o próximo ano, planejando as próximas semanas, e nós temos que planejar o novo álbum. O produtor estará vindo nessa semana agora, e faremos planos depois de encontrá-lo. Então tem sempre alguma coisa, e definitivamente não há tempo para relaxar e sentar sem fazer nada. Eu não consigo nem me lembrar como é não fazer nada. Então, aqui estamos. Mas estamos em boa forma, temos grandes planos para esse ano e o próximo, estamos relaxados e tudo é maravilhoso. 

"Fiquei feliz que fomos os ganhadores do dia, do nosso dia, por assim dizer, devo dizer que fomos muito melhores que o Iron Maiden."


S.B.D.: Isso é muito bom de ouvir. E a próxima pergunta...


M.J.: E quanto a vocês? Deixe-me fazer uma pergunta. A entrevista vai se inverter agora.


Scorpions Brazil - Roberta: Quanto a mim? Estou no meu horário de almoço entrevistando você (risos).


M.J.:  Ah, ok. A entrevista começa agora, minha vez de perguntar: como vocês curtiram o Rock in Rio? Vocês gostaram?

S.B.R.: Sim, eu curti muito! Foi uma correria para chegar lá, porque tivemos que ir de ônibus, as passagens de avião estavam muito caras, então nós viajamos a noite toda de ônibus, mas o show foi incrível, foi fantástico, uma ótima experiência! Foi realmente incrível ver vocês lá no Rock in Rio! E foi meu primeiro show do Iron Maiden, então foi uma noite perfeita!


M.J.: Ok, perfeito! Muito bom, Ir de ônibus toda a viagem deve ser muito cansativo

S.B.R.: E quanto a você David, curtiu?


S.B.D.: Sim, o mesmo!

M.J.: Eu curti. Estar lá, como eu disse, foi o ponto alto, incrível. Eu ainda tenho ótimas lembranças do primeiro [Rock in Rio] em 1985. Foi fantástico para mim pegar a mesma guitarra que eu presenteei o produtor há 34 anos como um símbolo. Foi para mim um símbolo porque eu estaria presenteando todo o público brasileiro com ela. Todo o país.

S.B.R.: Sim, foi uma conexão com o primeiro festival. Foi realmente muito bom.


M.J.: Foi fantástico pegar a mesma guitarra e tocar no Rock in Rio de novo. Fantástico!

S.B.R.: E agora que estamos falando do Rock in Rio, Scorpions foi considerado o melhor show do dia do metal no Rock in Rio através de uma grande emissora no brasil, a Globo. E alguns dias depois, vocês foram eleitos como o melhor show do festival inteiro, depois de uma dura competição com Bon Jovi pela primeira posição. Como você se sente em relação a isso?


M.J.: Ótimo! Fiquei feliz que fomos os ganhadores do dia, do nosso dia por assim dizer devo dizer que fomos muito melhores que o Iron Maiden. Nós os conhecemos muito bem e já tocamos juntos muitas vezes, mas naquela noite nós definitivamente tocamos muito melhor, então merecemos ganhar o dia. Mas de todo o festival, ganhar de tudo, isso foi realmente… eu estava pensando, talvez não Bon Jovi, mas Pink estava lá e havia outros artistas incríveis e eu estava pensando que a audiência iria por aquele caminho. Mas a Pink não ganhou nem o dia dela. Foi alguma outra banda que ganhou.

S.B.R.: Foi uma cantora brasileira, eu acho. 


M.J.: Sim. Foi muito perto, eu vi os resultados e Bon Jovi tava em primeiro por algum tempo, mas então nossos fãs obviamente começaram a votar e nós ganhamos no final. Foi muito perto, devo admitir. Bon Jovi deve ter feito uma grande apresentação também, mas eu não vi. Eu estou feliz que ganhamos e acho que merecemos isso.

S.B.R.: Sim, definitivamente! Você acha que há alguma chance de vocês voltarem para a próxima edição do Rock in Rio?


M.J.: Acho que o vencedor deveria estar automaticamente convidado para o próximo.

S.B.R.: Sim, eu também acho (risos)


M.J.: (risos) Provavelmente não vai acontecer, mas seria fantástico se toda vez o ganhador tocasse no próximo ano. Mas nós temos planos para o futuro próximo envolvendo o novo álbum e isso significa automaticamente que - eu não sei quando é o próximo Rock in Rio de qualquer maneira - mas que levará algum tempo até que terminemos o álbum.

S.B.R.: O próximo Rock in Rio é em 2021


M.J.: Ok, 2021, então talvez seja possível, porque nós estamos planejando lançar esse álbum, desde que tenhamos boas músicas e terminar de gravar no ano que vem, lançar no outono [europeu] de 2020; Então a turnê começa logo depois disso, então 2021 seria possível.

S.B.D.: Falando sobre o Rockfest em São Paulo, foi também um grande festival com um grande público, foi uma experiência diferente quando comparada às suas últimas turnês por aqui, certo? Especialmente em São Paulo.


M.J.: Sim, há muitos anos nós tocamos num estádio também, acho que foi um diferente, um estádio mais antigo, foi por volta de uns 10 anos atrás, nós tivemos, eu acho, Nightwish e algumas outras bandas no estádio, mas então, recentemente, em nossas recentes visitas a São Paulo, nós tocamos no… qual é mesmo o nome? O lugar, não é Nokia hall? Qual é mesmo o nome daquele típico local fechado?

Rudolf, Pawel, Klaus, Matthias e Mikkey no palco, em pé, lado a lado, agradecendo e acenando para o público.
Scorpions ao final do show no Rockfest, em São Paulo. 


S.B.R.: Credicard Hall? 


M.J.: Mudou o nome?

S.B.R.: Sim, Citibank hall, e então voltou a ser Credicard Hall. Está sempre mudando o nome. 


M.J.: Credicard Hall, certo. Muda o nome por causa dos patrocinadores o tempo todo. Sim, aquel local. Aquele show foi bom também, mas eu tenho que dizer que dessa vez o show no estádio foi muito melhor. Então eu gostei mais do show deste ano muito mais do que os shows recentes, embora eles foram bons também, E foi legal também tocar em lugares novos. Nós nunca tocamos em Uberlândia e Florionopolis antes...

S.B.R.: Florianópolis.

M.J.: É uma mistura de Flórida com Indianópolis. Então foram shows bons também. Nós tocamos em Brasíla antes, e Porto Alegre, é claro. Nós tocamos em tantas cidades do Brasil nos últimos 15, 20 anos, de Manaus a Belem, a Vitória… que seja.

S.B.R.: Vocês tocaram 45 shows no Brasil desde 1985.


M.J.:  David te disse isso? David é o cara que faz as estatísticas. Ele faz notas de tudo.

S.B.R.: Sim! Ele fez o mapa para colocar num quadro e dá-lo a você. 


M.J.: Ótimo… deixe-me fazer uma pergunta a vocês dois. Qual o nome daquela cidade, acho que é no norte, perto do oceano, uma praia, nós tocamos há cerca de 10 anos. É Saint Louis?

S.B.D.: São Luis.


S.B.R.: São Luis. Como São Paulo, mas São Luis.


M.J.: Sim. São Luis. Não conseguia lembrar o nome, aquela pequena cidade. Foi lá que acho que fizeram um selo do Scorpions.

S.B.R.: Sim, eu peguei um. Eu estava lá.


M.J.: Bom, legal! Eu não conseguia lembrar o nome no momento. São Luis, ok, legal!

S.B.D.: Minha próxima pergunta é sobre o mapa. Você gostou do mapa que fiz?


M.J.: Sim, é claro! Excelente! Eu fico imaginando onde que você arruma tempo para fazer tudo isso. Parece muito trabalho, e um trabalho detalhado. Eu fico sempre impressionado quando vejo toda essa preparação e informação. 

S.B.D.: É sempre um prazer!


M.J.: Muito bom!

S.B.D.: Obrigado!


S.B.R.: Sobre Curitiba, que tempestade de granizo! Nós levamos todas aquelas pedras de gelo nas nossas costas, cabeças…. Foi realmente dolorido. Você já tinha visto algo como aquilo em turnê?


M.J.: Não. Eu já vi tempestade de granizo, mas aquela foi a pior. Nós tivemos uma nos anos 80 na Alemanha quando estávamos no estúdio. E todos os carros que estavam estacionados do lado de fora foram prejudicados. O granizo tinha o tamanho de uma bola de gold, ou mesmo um ovo de galinha, eles destruíram tudo. Mas esse em Curitiba, a caminho do show, estávamos sentados na van e ouvimos o som, uau, estavam atingindo o carro. Eu sinto pela banda Europe, porque quando tocaram seu equipamento foi destruído e eles pararam de tocar, foi ruim para todo mundo, e várias falhas técnicas… a água, o gelo, era uns 30ºC durante a tarde e de repente você via um monte de gelo na rua.

(Interrupção)


S.B.D.:  Roberta perdeu a conexão.


M.J.: Sim, de repente tudo estava apagado.

S.B.D.: Acho que seremos só nós dois agora. 


M.J.: Sim, ok. Você está me ligando de um número diferente. Você consegue me ouvir?

S.B.D.: Consigo.


M.J.: Que bom.

S.B.D.: Ok, estávamos falando de Curitiba. Acho que podemos pular para a próxima pergunta. 


M.J.: Ok. Devo dizer que você deve se apressar um pouco, porque tenho minha próxima entrevista em 7 minutos. 

S.B.D.: Ok. Eu falei com Klaus em São Paulo que eu tive a oportunidade de ouvir algumas músicas não lançadas. Eu acho que Pretty At Night, Don’t Wait too Long e New Horizons são ótimas músicas. Vocês tem alguma intenção de traze-las para hoje, como fizeram com Rock My Car e Rock and Roll Band?


M.J.: Eu não sei. No momento nós não estamos olhando para trás, estamos focados no futuro, em novas músicas, novo material. Acho que lançamos material antigo algumas vezes em compilações e bonus tracks. Acho que os fãs conhecem as músicas e não há razão para fazer qualquer coisa com aquelas músicas antigas. É muito mais importante agora compor algum grande material e gravar com muito poder e energia e se concentrar no lado hard do Scorpions.

S.B.D.: O que podemos esperar desse novo álbum com Mikkey Dee na bateria? Como sua experiência no Motorhead pode influenciar nas novas músicas?


M.J.: Mikkey é um grande baterista. E a bateria depende de como a música é e como as canções serão arranjadas e, veremos. Mikkey é incrível, é poderoso, acho que ele se encaixa perfeitamente. Estou ansioso para gravar como nós fazíamos antigamente, como uma banda completa em uma sala, não individualmente. Todo mundo faz suas coisas em algum lugar algum dia, mas juntar todo mundo em uma sala como uma banda e gravar simultaneamente é algo que estou realmente esperando. Todos precisam se preparar bem e estar apto a tocar suas coisas. Todos precisam seguir seu curso, porque não queremos perder tempo. Queremos capturar a energia pura imediatamente enquanto tudo é novo. É o melhor jeito de fazer isso.

S.B.D.:  Você pode nos falar sobre o novo produtor?


M.J.: Ainda não, ele vem depois de amanhã, mas eu não quero dizer nada antes de acordarmos com ele. Nós publicaremos assim que tivermos um acordo. Não é justo dizer sim, ele vai ser o cara, e talvez não seja.

Rudolf Schenker, Matthias Jabs e Klaus Meine segurando a cerveja Scorpions e posando para foto no Hard Rock Café de Hamburg
Rudolf, Matthias e Klaus no lançamento da cerveja
Foto: reprodução

S.B.D.: Ontem [22 de outubro] vocês lançaram a nova cerveja Scorpions no Hard Rock Café em Hamburgo. Como foi lá?


M.J.: Foi bom. Mas você fala de cerveja por alguns minutos. Não há muito o que dizer. O plano era lançar a cerveja há muito tempo, e agora nós encontramos a cervejaria certa. Eles ganharam muitos prêmios e medalhas por produzirem a melhor cerveja no mundo. Rudolf foi la para experimentar a cerveja há uns dois meses, ele estava feliz com isso. Eu vi a cerveja pela primeira vez ontem. Eu tinha que dirigir para casa, então eu não pude beber um monte de cerveja. Mas eu acho é ótima, e nos certificaremos de ter nossa cerveja nos camarins e no palco no futuro. 

S.B.D.: Nós esperamos que possamos conseguir essa cerveja aqui no Brasil.


M.J.: Nós também esperamos. Eu não sei se eles vão distribuir no mundo todo. Eu acho que eles vão tentar espalhar pelo mundo. Isso seria bom.

S.B.D.: Últimas perguntas, simples. Há alguns rumores entre os fãs sobre o seu passado. Algo como “verdade ou Mito”, ok? É verdade que você foi jogador de futebol e parou depois que se lesionou?


M.J.: Eu era um jogador de futebol muito bom, sim. Mas eu era muito jovem. Não foi bem uma lesão, foi uma espécie de lesão, eu tinha 12 ou 13 anos. E acho que foi por crescer, eu não conseguia correr tão rápido o quanto eu gostaria. Mas depois, eu estava bem de novo. Mas, ao mesmo tempo, enquanto sentado em casa esperando aquilo passar, eu decidi pegar uma guitarra, então primeiro eu jogava cerca de 8 horas de futebol todos os dias depois da escola então eu comecei a tocar 8 horas de guitarra todos os dias depois da aula, então foi, digamos, um aviso do destino. Alguém lá em cima decidiu por mim, não mais jogador de futebol, guitarra é muito melhor. Então aqui estou hoje. Já tem jogadores de futebol o suficiente no mundo. Especialmente no Brasil, é claro. Alemanha tem alguns muito bons também.

S.B.D.: Você é formado em direito. Verdade ou mito?


M.J.: Eu estudei direito por três anos, para se formar você precisa de 6 anos, então eu passei nos exames pela metade do tempo, mas então eu recebi uma ligação do Rudolf, e agora eu tenho advogados na minha lista de pagamentos.

S.B.D.: Está se sentindo pronto para voltar à estrada em alguns dias?


M.J.: Sim, como eu disse antes, é uma pausa agora, mas estamos tão ocupados e temos tanta coisa para fazer, vai direto para a próxima turnê. Hoje é dia 23 [de outubro] e estamos partindo em uma semana. Exatamente em uma semana estaremos em Ekaterinburg, na Rússia. O tempo está passando muito rápido esses dias e temos muito o que fazer. Então não é realmente uma pausa, a turnê continua, e nós estamos prontos para ela.

S.B.D.: Eu e Roberta gostaríamos de desejar a você um Feliz Aniversário adiantado. 


M.J.: Sim, é daqui a dois dias. Obrigado!

[n.e.: a entrevista foi feita no dia 23 de outubro, dois dias antes do aniversário de Matthias Jabs, 25 de outubro]



S.B.D.: Como você vai comemorar seu aniversário?


M.J.: Minha família virá, e meu pai de 97 anos e meio. Eu estou feliz que ele virá para minha casa e então teremos um belo jantar. Eu tenho um lugar especial que reservei apenas para nós e estaremos eu e minha família, a família da minha esposa, e claro, Klaus e sua esposa, Rudolf e sua esposa com seu filho. Vai ser fantástico. E algumas crianças, pessoas e amigos têm crianças agora, mas nós teremos o restaurante só para nós e vai ser muito legal. 

S.B.D.: Ok, obrigado! Você tem alguma mensagem para os fãs brasileiros?


M.J.: Sim, minha mensagem é muito obrigado por seu apoio, os shows foram fantásticos, em todos os lugares que tocamos, e eu adorei a energia, o modo como amam nossas músicas e cantam junto, foi tudo fantástico. Essa é a primeira parte da mensagem. A segunda parte é: Eu gostaria que os brasileiros falassem melhor o inglês. Porque eu percebi que, onde quer que fossemos, mesmo nos hotéis, a maioria das pessoas não entende ou não fala inglês. Acho que é algo que vocês deveriam mudar. 

S.B.D.: Ok.


M.J.: Você fala bem e a Roberta fala muito bem, mas encontra alguém na rua que fala inglês?

S.B.D.: Não.


M.J.: Não. Acho que isso coloca o Brasil num isolamento do mundo. Vocês precisam aprender inglês. É muito, muito importante. Ok, desculpe-me, eu desejo a vocês um ótimo dia. Eu tenho que atender a próxima ligação agora, desculpe.

S.B.D.: Muito obrigado!


M.J.: Muito obrigado, tchau, tchau!


Tradução: Roberta Forster