quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Entrevista exclusiva com Matthias Jabs


Na última segunda feira (16/01) Matthias Jabs conversou com a equipe do Scorpions Brazil, em uma entrevista Exclusiva. O guitarrista falou sobre os planos para esse ano, Mikkey Dee, Brasil, Rock in Rio e muito mais. confira!

(Áudio em inglês no fim da página)

Scorpions Brazil - Roberta: Olá Matthias! Como vai? É a Roberta do Brasil.


Matthias Jabs: Ah é você! Como vai? Feliz ano novo!

S.B.R: Feliz ano novo pra você também!

Scorpions Brazil - Pati: Oi Matthias.
M.J.: Olá, como vai? Qual o seu nome?

S.B.P: É Patrícia.

M.J.: Patrícia, como você está? Feliz ano novo pra você também!

S.B.P: Feliz ano novo! Estou ótima, e você?

M.J.: Excelente. De onde você está ligando?

S.B.P: Do sul do Brasil, de Porto Alegre.

M.J.: Ah, Porto Alegre! Que maravilha.

S.B.P: Vocês tocaram aqui em 2005.

M.J.: Ah, me lembro. Tem uma grande comunidade alemã aí!

S.B.P: Tem sim. E vocês tocaram aqui no festival loud ‘n’ Louder em 2005. Vocês foram a principal atração da noite. 

M.J.: Sim, me lembro bem!

S.B.P: Legal!

S.B.R: Como você está aproveitando o seu tempo livre?

M.J.: Sempre tenho algo pra fazer. Mas sim, estou aproveitando. É bom estar em casa e cuidar das coisas, algo que normalmente não tenho tempo para fazer. É bom e estranho, não estou acostumado a isso. 

S.B.R: Você segue ligado à banda ou está apenas relaxando?

M.J.: Estou fazendo de tudo. Primeiramente me encontrando com amigos e familiares, coisas que eu normalmente não tenho a oportunidade de fazer. Fui à Munique por causa da minha loja [MJ Guitars] e irei de novo em breve, para o 9º aniversário da loja. Sempre há o que fazer. Vou até o meu estúdio tocar guitarra. Tudo está igual, mas sem nenhum show na primeira metade do ano. 

S.B.R: Ah ok, então você tem bastante tempo para descansar.
M.J.: Sim, sim. Tenho bastante tempo, o que é bom.

S.B.P: Há alguns anos, depois daquela ideia de aposentadoria, você comentou sobre lançar um disco solo. Desde a sábia decisão de não se aposentar, você ainda pensa em trabalhar com algo do tipo paralelamente?

M.J.: Nós percebemos que ainda nos divertimos muito e os fãs ao redor do mundo não querem deixar que gente pare, o que eu acho que é um elogio. Nós reparamos que o anúncio daquele dia foi muito antecipado e pudemos ver que a última turnê mundial de aniversário de 50 anos [da banda] foi muito bem sucedida e divertida. Estamos ainda planejando shows para este ano e 2018. Por isso andamos tão ocupados que não tenho tempo para um disco solo, mas talvez eu possa começar a me preparar mentalmente para isso. Até agora temos andado muito ocupados, tanto que não há chance de pensar em algo bom o suficiente e com a qualidade certa para um lançamento. Talvez durante o nosso recesso eu possa começar a pensar nisso de novo, mas eu sei que vamos tocar no verão [europeu] e até o final do ano eu não terei muito tempo. Mas não vou me esquecer disso. 

S.B.P: Você tem alguma ideia de como quer que esse trabalho seja? Já sabe que artistas convidar?

M.J.: Não cheguei nesse ponto ainda. Em primeiro lugar, um álbum solo só faz sentido se for diferente dos álbuns da banda, tem que valer a pena ser lançado. Já existem tantos álbuns de guitarristas no mundo que não precisamos de mais um. Tem que ser especial e isso não é fácil. Tem que ter a base e o significado verdadeiro, caso contrário não há por quê. Primeiro tenho que achar a filosofia certa. Tenho bastantes amigos então acho que não terei problemas em achar pessoas que queiram se juntar a mim no estúdio. 

S.B.P: Em 2015 vocês lançaram 8 álbuns deluxe com sobras de músicas, demos e versões ao vivo nunca lançadas antes. Foi um grande sucesso. Vocês tem planos de fazer o mesmo com os outros álbuns?

M.J.: Não sei. Pela primeira vez em muitos anos e até décadas resolvemos não gravar um álbum novo agora. Normalmente sempre gravamos algo entre Janeiro e Março, lançamos em Abril e saíamos em turnê. Pela primeira vez em décadas não queremos fazer isso, pois precisamos de um tempo. Não sei se deveríamos produzir álbuns até o fim de nossas vidas. Talvez devêssemos dar um tempo e ver se temos novas ideias. Talvez possamos gravar apenas algumas músicas, não precisa ser um álbum com quinze faixas. Do jeito que a indústria anda as pessoas podem baixar uma música e não doze ou quinze. Os tempos mudaram. Podemos gravar duas músicas e lançar essa duas, ao invés de sentar em um estúdio por meses e gravar um álbum. Isto é algo pra ser trabalhado num futuro próximo. 

S.B.P: Isso não soa tão mal. Os fãs estão sempre ansiosos por coisas novas. Parece uma ideia legal também. 

M.J.: Do ponto de vista de um fã, eles sempre querem algo novo todos os anos. Nós entendemos. Para nós a motivação é ter músicas novas para as turnês. Sempre tocaremos os melhores hits, mas como músicos queremos ter músicas novas e é bom ter um álbum novo para tocar coisas novas. Mas vamos ver, talvez lancemos umas duas músicas, sabe? 

S.B.P: Isso tem a ver com uma das minhas perguntas. Uma das coisas que os fãs mais esperam quando uma nova turnê é anunciada é a mudança no set list, e vocês não costumam mudar tanto assim.

M.J.: É, existe certo conflito aí. Claro que gostaríamos de tocar algo completamente diferente, mas a maioria dos fãs votam no que tocamos. Já fizemos votações com 50 músicas na internet, os fãs votaram e [o resultado] foi quase idêntico ao set list que tocamos. Algumas músicas são difíceis de serem tocadas ao vivo, e essas não tocamos, mas em geral a maioria quer ouvir isso. Vai ter um fã em algum lugar do mundo que quer uma música específica, mas não podemos mudar o set list por causa de uns dois fãs. (risos) Mas, por nós, gostaríamos de mudar também. Estamos pensando em mudar algumas coisas quando voltarmos. Mas onde quer que a gente toque, os fãs sempre querem ouvir Rock You Like A Hurricane e Still Loving You. É o nosso destino! 

S.B.P: Julgando pela minha experiência mais recente, eu vi dois show em setembro aqui no Brasil, eu mesma tenho emoções divididas sobre o set list. Mas o que não se pode questionar é que quando vocês tocam essas músicas, não importa há quanto tempo vocês tocam elas, o público vai à loucura. É incrível!

M.J.: E eu te digo, nos ensaios no estúdio, nunca tocamos essas músicas porque elas só fazem sentido quando as tocamos para o público! Quando o público gosta da música, daí vale a pena. Como você disse, não importa se a gente toca há 30 anos ou se são novas, as pessoas mudam tudo pra gente. É tão importante tocar para um público que curte a nossa música e os fãs de Scorpions são muito fiéis. Eles amam a música, ao redor do mundo, não importa onde tocamos. Isso é ótimo, isso faz com que a gente fique feliz em tocar as músicas de novo e de novo. Mas sem o público, esqueça! 

S.B.P: Mas se considerarmos você sozinho, tem alguma música que você gostaria de tocar ao vivo pela primeira vez, ou que quisesse tocar de novo depois de muito tempo? 

M.J.: Tem uma música que me vem à cabeça que é Dancing With The Moonlight, que foi lançada pela primeira vez no MTV Unplugged e foi muito legal, mesmo sendo nova, e temos a versão dela do Return To Forever. É uma das que eu gostaria de tocar. Poderíamos tocar de novo Sting In The Tail. Alguma músicas dos nossos álbuns mais recentes, Return To The Forever e Sting In The Tail. E do catálogo antigo, tem a música Can’t Live Without You do [álbum] Blackout que eu sempre gostei. Temos músicas suficientes, isso não é um problema! Podemos mudar um pouco, claro. 

S.B.P: Falando um pouco sobre o Mikkey Dee, como foi que vocês se encontraram pela primeira vez e como surgiu o convite para ele tocar na turnê norte-americana, que acabou se estendendo para o resto da turnê?

M.J.: Bom, você sabe, os problemas de saúde do James [Kottak] começaram a ficar realmente sérios. O começo da turnê em 2016 foi aqui na Europa, e não era mais seguro para ele estar na bateria, bem lá em cima do palco, então nós pensamos e procuramos alternativas. Primeiramente, por razões de segurança, precisávamos de alguém que estivesse disponível. Então eu pensei no Mikkey Dee, pois o Motörhead tinha acabado porque o Lemmy morreu, e eu sabia que ele estava disponível. Nós apenas havíamos nos encontrado brevemente antes, mas antes que tirássemos um baterista que estivesse ativo em alguma banda, nós preferimos chamar alguém que estivesse sem fazer nada, para que não interferíssemos em nenhuma outra banda ou projeto. Então, Mikkey Dee estava disponível, ele veio para a turnê, ensaiamos de tarde, tocamos no show daquela noite com o James, mas a coisa estava ficando cada vez mais séria. E a turnê alemã tinha sido interrompida porque o Klaus teve problemas com a voz, então nós mandamos o James para casa para ir a uma clínica de reabilitação e ficar bem de novo. Mas nesse meio tempo, você sabe, isso não leva três semanas, leva três meses no mínimo, e já estávamos com a turnê planejada. Nós dissemos ao Mikkey que precisávamos fazer o resto da turnê juntos, mas apenas por quatro ou cinco semanas, então tocamos nos EUA, e funcionou muito bem. O James ainda precisava ficar na clínica, então nós dissemos “ok, vamos ficar com o Mikkey até o final da turnê”, e aí nós percebemos que seria uma boa decisão dizer “ok, o Mikkey fica na banda de agora em diante” . 

S.B.P: Bem, sabemos que o James cativou os fãs ao longo de todos esses anos, não há dúvidas disso, mas a experiência com o Mikkey, do ponto de vista dos fãs, foi realmente incrível. Como você vê a aceitação do público agora? 

M.J.: Eu acho que ele foi muito bem aceito pelos fãs do Scorpions, eles estão entendendo e eles também sentem falta do James. Eu e James ainda somos amigos, nós sempre trocamos mensagens, e não há nenhum ressentimento. Ele se sente muito melhor agora, o que é ótimo, provavelmente planejando seu futuro. E sim, o Mikkey está sendo bem aceito e, sabe, não tenho visto muitos fãs de Motörhead na plateia, mas isso não era o que estávamos procurando de qualquer forma. Ele é um cara conhecido, que tocou no Motörhead, mas o mais importante pra nós é que ele foi aceito pelos fãs do Scorpions, essa era a principal prioridade. 

S.B.P: E na última turnê aqui na américa do sul, vocês escolheram tocar Overkill ao vivo com o Mikkey em homenagem à memória do Lemmy, por que vocês escolheram essa música e por que decidiram inclui-la apenas no segundo show em São Paulo? 

M.J.: Foi a primeira vez que a tocamos, precisávamos ensaiar antes (risos) esse foi o motivo. Nós fizemos a nossa própria versão de Overkill e Klaus queria cantá-la, você sabe, Lemmy tinha uma voz bem diferente, então não era fácil para o Klaus cantar como [Matthias brinca e imita a voz rouca de Lemmy] (risos) então queríamos escolher uma música que fosse possível e ficasse boa. Sabe, tocamos apenas para fazer um tributo, mas te digo o ano do luto acabou, não faremos isso de novo. Nós fizemos apenas porque o Lemmy morreu recentemente, foi por respeito, mas não incluiremos mais no setlist do Scorpions de novo. 

S.B.P: Vocês já estavam no Brasil quando pensaram “Ei, deveríamos tocar uma música do Motörhead, vamos escolher uma!” ou vocês já tinham algo em mente por um tempo? 

M.J.: É, foi bem assim. “Deveríamos tocar uma música em homenagem [ao Lemmy], é só escolher”. Não queríamos tocar os maiores hits, teria sido um pouco estranho. Mas nós tocamos e foi isso. 

S.B.R: Então, não podemos esperar um novo álbum de estúdio com o Mikkey Dee agora, podemos? 

M.J.: Ainda não. Não vamos gravar nada por agora. Talvez um dia, mas não sei, vamos ver, não queremos pensar a respeito. 

S.B.P: Há tempos atrás vocês tocaram em diversos festivais. Vocês tem algum plano pra lançar algum material dessa época, como do US Festival, Monsters of Rock, até do Rock in Rio? 

M.J.: Temos imagens de muitos desses. Às vezes se [o material] é muito velho, temos problemas em encontra-lo, às vezes estão com as emissoras de TV e elas podem não existir mais, podemos ter problemas com direitos autorais. Temos gravações que sobraram do World Wide Live e muitas coisas, mas acho que os tempos para álbuns ao vivo terminaram. As pessoas querem ver as coisas ao mesmo tempo, por isso temos os DVDs ao vivo. Nos anos 80 e 90 lançávamos álbuns ao vivo, mas agora ninguém mais faz isso, você precisa de imagem também. Portanto precisamos ver o que temos. E temos bastante coisa mas precisamos ver se vale a pena lançar. 

S.B.P: Há alguns dias foi postado no Facebook da banda uma foto do Rio de Janeiro. Não sei se você está sabendo. Dizia que a banda sente saudades do Brasil. Agora os fãs estão imaginando se isso significa algo, se vocês vão tocar no Rock in Rio esse ano. Já faz 32 anos que vocês tocaram no festival, talvez seja a hora de voltar. 


M.J.: Definitivamente seria uma ótima ideia tocar no Rock In Rio de novo. Quando que é? Esse ano? 
S.B.P: Sim, se não me engano. Haverá um nova edição, não tenho certeza se é em Setembro mas deve ser no segundo semestre. 

M.J.: Não estou sabendo de nada. Não posso dizer nada a respeito.

S.B.P: Minha última pergunta é: Quais são as suas expectativas para este ano, quais os seus planos, tanto com a banda quanto os pessoais? 

Oh, eu espero primeiramente estar em casa pra variar, sair de férias onde tenha sol – aqui está muito frio! Seria legal estar debaixo do sol, talvez perto da linha do Equador, e aproveitar a minha casa que não tenho visto muito nos últimos anos. Nós temos as quatro estações [na Alemanha] e ótimo quando o inverno termina e a primavera começa, estou ansioso por isso. Em maio vamos nos preparar pra sair em turnê de novo porque temos o Sweden Rock Festival na Suécia em Junho, e vamos tocar outros shows antes para nos aquecermos, já que tivemos esse recesso. Hoje à tarde falamos sobre uma turnê nos EUA em setembro e temos conferências com os nossos empresários sempre. Acho que vamos estar ocupados com shows até 2018 e espero que esse ano seja de muito sucesso e proveitoso também, para que possamos curtir na estrada e fora dela também. Estou ansioso para ter um ótimo ano! 

S.B.R: Podemos esperar vocês no Brasil esse ano?

M.J.: Acho que não. Acho que em 2018. Temos shows já para a segunda metade de 2017, mas já estamos pensando em 2018. Até agora não temos nada sobre o Brasil, mas as agências a recém começaram a agendar os shows. Tudo está em aberto. 

S.B.R: Pense sobre o Rock in Rio em Setembro!

M.J.: Sim, sim, vou mencionar para os empresários.

S.B.P: Bom, Matthias, espero que você consiga o que você deseja para este ano, obrigada por esta entrevista.

M.J.: Obriado a você. Aproveite o seu adorável lar em Porto Alegre!

S.B.P: Ah sim, estou aproveitando! Aqui é verão e também estamos de férias.

M.J.: Ótimo!

S.B.R: Obrigada pela entrevista!

M.J.: Tenham um ótimo dia. Vejo vocês quando der!

Ouça a entrevista (em inglês):



Equipe Scorpions Brazil:
David Araújo - Edição de áudio e roteiro
Pati Scarlet - Entrevista e Tradução
Roberta - Entrevista, roteiro e revisão