sexta-feira, 5 de março de 2010

Entrevista EXCLUSIVA de Klaus Meine ao Scorpions Brazil

Entrevista: Última turnê poderá ser lançada em DVD + CD ao vivo

O vocalista do Scorpions, Klaus Meine, concedeu na ultima terça-feira (02/03) uma entrevista exclusiva ao Scorpions Brazil.net. Klaus falou sobre o Brasil, Rock in Rio, musica brasileira, o novo álbum Sting in the Tail e sobre a última grande turnê.
Scorpions Brazil: A última turnê do Scorpions deu origem ao seu novo DVD Amazônia – Live in Manaus. Nele contém partes do show que vocês tocaram em Recife em 2008 e cinco músicas do show gravado em Manaus em 2007. Como foi o processo de gravação para esse DVD?
Klaus Meine: Bem, em 2007, como você sabe, foi a primeira vez que tivemos a chance de tocar em Manaus e foi uma experiência maravilhosa, o show foi filmado pela TV da Amazônia, mas infelizmente, além de toda a empolgação com o show, houve muitos problemas técnicos e quando nós voltamos novamente depois para vários shows no Brasil, um desses shows foi gravado, acho que pela TV Globo, em Recife e nós estávamos muito comprometidos com o Greenpeace e com a promessa que nós fizemos de colocar em um DVD nossa viagem para Manaus, em 2007 e 2008, especialmente pela colaboração com o Greenpeace.

Não foi fácil lidar com isso. Primeiro que foi lançado na Amazônia pela televisão, segundo que tivemos muitos problemas técnicos em muitas músicas, mas ainda assim nós queríamos cumprir nossa promessa, e o show de Recife foi um grande show com uma ótima gravação e é por isso que colocamos tudo junto dessa forma. Até agora tivemos uma grande resposta na Amazônia e essa foi uma experiência maravilhosa e também voltar a Manaus em 2008, tocar por todo o Brasil, sabe, para manter esse momento, manter no DVD, especialmente 2008 quando tivemos todos aqueles músicos convidados, os músicos brasileiros, e foi simplesmente um elenco fantástico e e uma viagem bem sucedida.

Felizmente a qualidade técnica das gravações em Recife foi tão melhor que decidimos colocá-la na maior parte do show no DVD e apenas algumas músicas do show de Manaus como bônus.
SB: Como você descreve a experiência de visitar o Teatro Amazonas, sobrevoar a floresta amazônica, navegar pelo Rio Negro, encontrar os índios e comer carne de crocodilo?
KM: (risos) Foi uma viagem maravilhosa, eu me lembro da primeira vez que fui a Manaus. Provavelmente por conta do lendário filme que foi feito lá, Fitzcarraldo na Amazônia, em Manaus sobre o lendário e famoso Teatro Amazonas, que a primeira coisa que fiz lá em 2007 foi visitar o teatro. E eu tinha tão pouco tempo, não tinha tempo para fazer nada realmente. E foi assim quando fomos embora. Alguns dos caras da banda, como o James, foram nadar com os Botos e foram navegar pelo Rio Negro, tiveram essa maravilhosa viagem e eu pensei “Ah eu perdi isso!” Então em 2008 quando voltamos, eu queria navegar pelo Rio Negro não importava como e foi o que fizemos, como você lembra. Então tivemos a chance de ver as placas e o Hotel da Amazônia, qual é o nome dele mesmo?

SB: O nome do hotel? O hotel de selva? Ariaú Hotel. Ariaú.
KM: Aiau?
SB: A-ri-a-ú. É um nome complicado em Português. Ariaú hotel, é o hotel de selva.
KM: Sim. Tivemos a chance de ver aquelas placas que foram feitas para nós na sessão de celebridades do hotel. Então fizemos essa viagem para ver os Botos e fomos ver as tribos, as pessoas dali. Eu me lembro quando chegamos, no almoço, nos ofereceram carne de crocodilo e foi tipo, foi inacreditável, fantástico. Foi pra lá de fantástico, foi realmente um dia muito, muito especial na minha vida. E como estávamos um pouco atrasados tivemos que deixar Manaus logo no fim da tarde, então voltamos para a cidade em um barco tipo uma lancha e quando desembarcamos em São Paulo aquela noite foi como, bem, sabe, para o almoço estávamos em um lugar onde a população era de trinta pessoas e mais tarde, naquela noite nós chegamos a São Paulo com uma população de trinta milhões de pessoas e foi tipo, maravilhoso, que dia maravilhoso!
SB: Eu costumo dizer que São Paulo é uma selva também. (risos)
KM: Sim! É uma selva também, absolutamente! Mas lembrando disso, foi muito, muito especial, e eu curti bastante! Agora, voltando ao Brasil com a turnê mundial que está para começar, acho que voltaremos a Manaus outra vez.
SB:Em 2008 estavam alguns artistas brasileiros como o Andreas Kisser com vocês no palco. Essa experiência foi repetida em Portugal no Cassino Estoril. Há alguma chance de uma reunião como aquela acontecer novamente?
KM: Bem, na verdade nós tivemos Mikael Mutti em um show... Bom, você sabe que nós tocamos em Estoril em Portugal e nós convidamos praticamente todos no fim de 2008. E ano passado, no final de 2009, nós tivemos um show em Berlin onde nós convidamos Mikael Mutti. Foi fantástico, foi perto do Natal e nós até tocamos músicas de Natal juntos (risos), foi muito bom e o que eu quero dizer é que continuamos em contato com o Mika e nossos amigos brasileiros. Se vai haver outra reunião? Eu não sei, mas nós nos divertimos muito com Andreas Kisser, lendário guitarrista do Sepultura e todos os nossos amigos, lindas cantoras, vozes fantásticas e os caras da percussão, Elber Mário, nos divertimos muito.

Foi uma ótima turnê com os fãs. Foi como construir uma ponte entre diferentes mundos da música e como a maioria veio de Salvador, Bahia, é uma cultura musical muito forte. Foi muito divertido, nós curtimos muito tocar alguns de nossos clássicos e compartilhar o palco com eles. Faremos isso novamente? Veremos... Por agora nada está planejado, mas é algo que sempre terá um lugar especial em nossos corações.
SB: Falando sobre música brasileira: Você disse uma vez que gosta e que o samba expressa o estilo de vida do povo Brasileiro. Além de samba e Bossa nova como Garota de Ipanema de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, o que mais você sabe e pensa sobre a música brasileira?



KM: Bem, o Brasil é uma cultura musical maravilhosa e acho que tendo ido tantas vezes ao Brasil aprendemos mais sobre o país e acho que você me mandou algumas músicas brasileiras... Maris...
SB: Marisa Monte.
KM: Marisa Monte. Eu realmente não sei o quão popular ela é no Brasil, mas a maneira que ela canta suas composições, é muito bonita sabe? Eu lembro dos dias de Rock in Rio, Gilberto Gil, acho que ele é ministro da cultura agora mas ele era um artista, ele estava no Rock in Rio e fez um show. Mas enfim, tem muita música boa, é a vibração e claro, o samba, é tão famoso! É uma expressão cultural muito forte e você sente a animação. Tocando no Brasil, você consegue sentir o quanto nossos fãs mostram suas emoções pela música. Isso é por que eles têm uma cultura muito rica.
SB: A primeira vez que vocês vieram ao Brasil foi para o Rock in Rio, um dos maiores festivais de rock em que vocês já tocaram e também foi a primeira e última vez que você encontrou Freddie Mercury. Isso deve ser algo que lhe traz lembranças maravilhosas. Como você se sentiu voltando ao Rio de Janeiro depois de 11 anos sem tocar lá?
KM: Bom, claro que voltar ao Rio trouxe à tona várias lembranças, dirigindo por Copacabana e buscamos alguns amigos no Copacabana Palace e então, claro é como se tivesse sido ontem. Eu me vejo no terraço próximo à piscina onde estava tendo uma grande festa com todas as bandas e foi lá que encontrei Freddie Mercury pela primeira e única vez. Tivemos a chance de conversar e descobri um tempo atrás uma foto. Só o Freddie e eu e eu fiquei encantado! Ele foi um artista tão admirado e ótimo cantor. Ele nos deixou muito, muito cedo e deixou saudades. Que grande artista! Foi ótimo dividir o palco com bandas tipo Queen em 85 no Rio.

Voltar ao Rio de Janeiro traz à tona ótimas lembranças. Ficamos no Sheraton em Ipanema, na praia e esse é o lugar onde ficamos também nos dias do Rock in Rio, junto com o AC/DC. Isso traz muitas lembranças divertidas, ir para a praia com o AC/DC, foi muito divertido. E o Matthias teve uma guitarra especial, feita no formato do Brasil com as cores da bandeira de vocês e foi dada ao cara principal do festival. Foi um momento especial. Ver o Rudolf atingir sua cabeça com a guitarra, e sangrou... Foi um momento na história do rock and roll e estamos orgulhosos, estamos conectados com este primeiríssimo Rock in Rio que foi um dos maiores momentos da história dos Scorpions.
SB: O novo álbum, Sting in The Tail, será lançado logo. Desde que Christian Kolonovits produziu os álbums Acoustica e Moment of Glory a banda começou a trabalhar com diferentes produtores: Erwin Musper (Unbreakable), Desmond Child (Humanity Hour I) e agora Mikael Nord and Martin Hansen. Qual o impacto dessas mudanças durante o processo de produção dos álbuns e qual a peculiaridade de cada produtor no resultado final?
KM: Com o Desmond Child nós queríamos ir aos Estados Unidos para gravar Humanity Hour I e dessa vez nós definitivamente queríamos fazer um álbum mais próximo das nossas raízes e fazer um álbum que soe mais Europeu. Também queríamos trabalhar após essa longa turnê, viajando o mundo por tantos meses, queríamos passar o tempo no nosso próprio estúdio e queríamos criar, queríamos o processo de composição e tudo, queríamos trabalhar aqui na Alemanha. Eu trabalhei com Martin Hansen e Mikael Nord antes do álbum Humanity. Quando nos encontramos, gostamos da idéia, tínhamos uma equipe de produtores e dissemos "Ok. Vamos fazer a maior parte do nosso álbum aqui no estúdio dos Scorpions, fora de Hannover. Eu vou fazer todos os vocais e vou para Estocolmo" e foi assim que fizemos.

Tivemos uma boa mistura e um tempo bem tranquilo para trabalhar. E acho que com o Desmond foi uma produção onde tantos compositores Americanos estavam envolvidos, foi um álbum conceitual, na produção ele estava se firmando como produtor da banda.

Desta vez, trabalhando com Mikael e Martin, eles tentaram nos apoiar para que realmente pudéssemos fazer um álbum com um lado mais criativo e de composições também, mesmo havendo alguns obstáculos, mas a parte principal, a parte criativa veio mais da banda e eles nos apoiaram a fazer um álbum que arrasa, onde a atitude do rock pode ser ouvida. Tem algumas baladas, claro, mas este é um álbum que mostra que o ferrão dos Scorpions ainda está vivo e afiado!
SB: Nós soubemos há alguns dias atrás sobre o fim da carreira dos Scorpions. Vocês decidiram que chegaram ao fim do caminho e que é hora de descansar e apreciar tudo que conquistaram desde o início. Todos esses anos estão provavelmente deixando ótimas lembranças, quais são as melhores que você levará?
KM: Bem, as melhores é que começamos como amigos e estamos terminando como amigos. Acho que é uma experiência maravilhosa para uma banda que começou na Alemanha, que veio de uma família nacional de rock and roll e que conseguimos, como amigos, passar por todas essas décadas e por muitos altos e baixos. Tudo ao nosso redor mudou em todas essas décadas, toda a indústria da música. Do vinil ao CD, ao computador, mas o que sempre foi e sempre será igual, o que nunca desapareceu e nunca mudou é a paixão pelo rock e a paixão de se criar músicas. Acho que tivemos a chance de viver nosso sonho e esse sonho vive para sempre.



SB: Os fãs devem esperar que vocês sumam da mídia completamente depois que a turnê acabar ou você e os outros integrantes da banda tem planos de ter seu próprio projeto ou até participar de outros projetos (como por exemplo, Avantasia)?
KM: Avantasia é um ótimo projeto. Eu sei que o Rudolf tocou guitarra em uma música do último álbum; é um projeto muito legal com vários artistas envolvidos. Eu fiz uma música com o Tobias [Sammet] chamada Dying for An Angel e também será lançada em abril, eu acho. E acabamos de fazer um vídeo juntos em Hannover. Tenho certeza de que vocês vão ver aí no Brasil, será lançado aí também. Nos divertimos muito. Então, é, vamos ver o que o futuro nos traz mas quando percebermos, este será um grande álbum. Sting in The Tail. E queríamos sair desses 40 anos com classe e estilo. É, pode ser que haja um novo capítulo na vida. Essa pergunta agora surge dia sim, dia não e quando perguntaram pro Rudolf "O que fazer fora do Scorpions?" ele disse "Bem, talvez eu faça um projeto com o meu irmão, Michael." e quando eu li eu pensei "Bom, quem sabe eles me ligam!" (risos) Caso eles precisem de um vocalista, não sei.

A gente vai partir de lá, mas agora temos que nos preparar para a turnê. Não queremos que nossos fãs fiquem tristes ou que chorem as lágrimas de amanhã agora. Agora é o momento de celebrar a banda e celebrar este novo álbum e começar a festa! Ninguém está triste agora por que estamos sofrendo de uma onda de animação com o lançamento do novo álbum e todos sentimentos que será um ótimo álbum e já estamos vendo as primeiras reações vindas do mundo inteiro. Hoje eu vi no site, algumas rádios Americanas já estão tocando Raised on Rock. Então é muita animação agora e estamos nos preparando para a turnê Get Your Sting And Blackout e indo a reuniões de produção e montando um palco. Tenho certeza que mais tarde, encarando o final do caminho, será muito emocionante, claro, mas por agora mal podemos esperar para voltar ao Brasil.

Parece que em Setembro nós voltaremos e passaremos por toda a América Latina novamente e no verão faremos uma grande turnê nos Estados Unidos. Na verdade a turnê começa em duas semanas, em Praga e Moscou então estamos quase prontos para ir. É tipo "Cadê a minha mala? Temos que ir de novo!".
SB: A turnê Get Your Sting And Blackout será a maior que a banda já fez, uma vez que vocês irão passar por cinco continentes em dois anos. Essa turnê se tornará um DVD?
KM: Sim, claro, tenho certeza de que vamos gravar alguns shows e teremos bastante material e claro que juntaremos tudo. Haverá um DVD, junto a um CD ao vivo... algo! Eu não sei, na verdade nada está planejado ainda, mas como você pode fazer duzentos shows e deixar sem fazer algo que traga de volta grandes momentos dessa última turnê mundial?
SB: E a última pergunta. A banda está voltando ao Brasil, vocês planejam fazer uma grande turnê com várias datas como em 2008?
KM: Eu não sei ainda. Há pouco tempo estivemos na Argentina e falamos com Paulo Baron, nosso promotor e ele está montando tudo. Não temos datas confirmadas ainda, mas tenho certeza de que tocaremos em várias datas.
SB: Muito obrigado por nos conceder esta entrevista. Foi um prazer conversar com você. Em nome da equipe Scorpions Brazil, obrigado!
KM: Estou muito ansioso para vê-los de novo no Brasil e, por favor, dê um Oi a todos da equipe Scorpions Brazil, o novo visual está fantástico, nós acompanhamos o site. Espero vê-los de novo. Tchau tchau.